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Caixa de Pandora

24 anos. Enfermeira, com palavras nas pontas dos dedos.

Caixa de Pandora

24 anos. Enfermeira, com palavras nas pontas dos dedos.

Rumo

Dezembro 27, 2021

Pergunto-me muitas vezes quando é que é o tempo certo ou as pessoas certas, na esperança que haja algo que ilumine um caminho, mas nunca há resposta.

Com o tempo vem, com o tempo vai e com ele levam palavras e promessas vãs.

Trust the process, dizem eles, mas quando não há nada para acreditar? Acredito em quê? Um Deus que não acredito? Pessoas que estão de passagem? Ou naqueles que me afagam o corpo quando mais preciso e que acabam por partir?

Um coração magoado e uma alma sem rumo com a esperança partida em mil pedacinhos.

Haja todo o rumo no mundo, porque eu não o encontro.

Paz

Maio 10, 2020

Paz,

Paz que vem e arrebata-me,

Paz que surge, acalma-me e refresca-me,

O que mais ansiava chegou e ficou,

Mas essa paz não vem com perdão,

Não há como perdoar toda a tristeza e toda a dor que me impingiu,

Não há como perdoar a quem magoa intencionalmente,

Mas não importa,

Estou em paz e este capítulo encerra-se para nunca mais voltar a ser aberto,

Adeus.

 

Tenho saudades de mim.

Março 28, 2020

Não sei bem qual foi o dia em que me perdi, mas perdi-me e não consigo encontrar o caminho de volta.

Tenho saudades de mim, daquilo que um dia fui. Saudades de sentir felicidade a correr-me pelo corpo. Saudades de estar bem e plena.

Já não sei o que é ter paz interior, não a reconheço e não sou capaz de a perseguir.

Tenho saudades de um todo tão vago e tão longínquo que não consigo reconhecer.

Tenho saudades de mim.

Sobre fases permanentes.

Fevereiro 28, 2020

Tento explicar o que sinto mas não consigo.

Tento ser a pessoa que um dia fui, mas acho que ela está perdida para sempre.

Sou um poço de tristeza, mágoa, rancor, o que me torna uma pessoa amargurada com a vida. Não gosto desta pessoa.

Como é que um acontecimento pode ter resultado em 1 ano de dor profunda que quase que se torna física, 1 ano de sofrimento, 1 ano de lágrimas, 1 ano de descrença na vida e nas pessoas à minha volta.

Cheguei ao fundo, estou só, depressiva e não há uma mão que me ajude a levantar.

Não consigo mais.

Mãos fechadas.

Agosto 18, 2019

Ser adulto não é fácil.

Olho para mim e vejo uma folha em branco, cansada, machucada e por mais que tente endireita-la fica sempre com rugas, bem visíveis, bem vincadas, dolorosas.

Vejo-me obrigada a reconstruir-me todos os dias, lutar por mais um dia em que irá deixar mais uma marca neste coração, corpo e alma frágeis. 

Dou um passo em frente e sinto duas, quatro, seis mãos a empurrarem-me para trás e volto ao mesmo, pegando em mim e nos meus restos e reconstruir tudo de novo.

Não sei se sou eu ou se é o mundo que está do avesso.

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